Cidade de Blumenau, Brasil

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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Mantega: “Ainda bem que cresceu a arrecadação”; Ainda bem?


O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta terça-feira (26), em reunião com empresários do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) no Palácio do Planalto, que o crescimento da arrecadação federal no primeiro semestre é uma ótima notícia.

“Ainda bem que tem aumento de arrecadação”, afirmou Mantega. “Isso acontece porque a economia está crescendo e há formalização da mão de obra no Brasil, e não porque houve aumento de tributos”, arrematou.

Independentemente do fato de que muitos empresários presentes à reunião torceram o nariz, devemos fazer algumas considerações.

1) Sim, ninguém, em sã consciência, torce para que a arrecadação de impostos despenque, o que geraria graves problemas fiscais;

2) Sim, é melhor debater um “problema" de excesso de arrecadação do que o pepino que está nas mãos do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama;

3) Sim, é claro que o crescimento econômico impulsiona a arrecadação, o que não deixa de ser uma boa notícia sob esse ponto de vista;

Porém, simplesmente celebrar esses resultados sem colocar o dedo em algumas feridas é menosprezar o poder de análise dos brasileiros. Então vejamos:

1) A carga tributária brasileira é uma das maiores do mundo. Se vivemos tempos de bonança fiscal, por que não reduzi-la?

2) As empresas sofrem com o câmbio valorizado e com a elevada carga tributária. Se intervir no câmbio é um assunto tão delicado e difícil, por que não desonerar o setor produtivo já que a arrecadação supera as expectativas?

3) Se os serviços públicos essenciais, como saúde, educação e saneamento, continuam abaixo da crítica, por que o governo não canaliza esses “recursos extras” para resolver essas questões?

4) Se as denúncias de corrupção não cessam e o dinheiro público continua indo para o ralo, por que a sociedade brasileira deveria comemorar o aumento de arrecadação?

É inegável que a economia brasileira obteve enorme conquistas nos últimos anos, mas ainda estamos muito longe de encher os pulmões e, com orgulho, celebrar: “Ainda bem que cresceu a arrecadação”.
(Fonte:Exame.com)

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